Ritos do nascer ao parir

“Decidi que vou ser mãe e minha barriga é costurada. Decidi que vou ser mãe e vou escrever desde já um livro para o filho que terei. Decidi que vou ser mãe e vou atrás de liberar os caminhos da minha barriga.Vou tratar tudo que preciso para ser mãe. Vou escrever, fertilizar, abrir caminhos necessários para esse filho vir. Não que eu precise ter um filho, mas preciso criar, e criar uma pessoa é o que acho pertinente para o milênio.” Mana Bernardes

Em seu livro de estreia como escritora, Mana Bernardes se lança em um profundo mergulho em sua história familiar, atravessando suas memórias, seus desejos e amores, suas dores e frustrações, em um acerto de contas franco e visceral. A protagonista de sua história é a mãe, Rute, a relação desidealizada e o encontro das duas. Mana recupera episódios da infância, os encantos e percalços de uma criação alternativa, para entender o seu lugar como mulher no mundo hoje. A separação dos pais, as mudanças constantes de cidades e escolas, um acidente, a doença grave que lhe rasgou a barriga, a exigência precoce de autonomia, um abuso, a descoberta da sexualidade e do amor, o trabalho, o casamento. A história de Mana é singular e universal. A maneira em que narra tem ritmo e vocabulário próprios, que embalam essa conversa desenhada em ritos, de forma íntima, liberada, sem filtros.